top of page

Crítica | "F1 – O Filme"

Atualizado: 3 de ago.

Com visual deslumbrante e cenas incríveis de corrida, F1 – O Filme cumpre bem sua proposta de entretenimento, ainda que sem reinventar o gênero. Dirigido por Joseph Kosinski, conhecido por seu trabalho em Top Gun: Maverick, o longa mergulha no universo da Fórmula 1 em ritmo acelerado, apostando alto na adrenalina das pistas e no carisma do elenco - principalmente do astro Brad Pitt. A parte técnica é um espetáculo à parte, capturando a velocidade e a tensão das corridas com precisão e impacto visual. No entanto, apesar de todos os seus méritos técnicos, o filme tropeça em um roteiro previsível e em uma narrativa que, embora comece com energia, vai perdendo fôlego à medida que avança. A trama segue caminhos já conhecidos do gênero esportivo, sem oferecer grandes surpresas, o que pode deixar uma sensação de déjà vu para os espectadores mais atentos.


Piloto de Fórmula 1 (Brad Pitt) visto de dentro do cockpit em alta velocidade, com capacete e visor refletindo a pista — imagem intensa e cinematográfica
Brad Pitt acelera nas pistas em F1: O Filme

A história acompanha Sonny Hayes (Brad Pitt), um ex-piloto que retorna à Fórmula 1 como mentor de Joshua Pearce (Damson Idris), jovem talento da fictícia equipe ApexGP. A dinâmica entre veterano e novato é o fio condutor da trama, que se apoia mais no espetáculo visual e na ambientação técnica da F1 do que em conflitos profundos. Não é um drama existencial, e nem pretende ser — seu foco está na velocidade, no glamour e no som ensurdecedor dos motores.


Nesse quesito, Kosinski entrega. As corridas são filmadas com energia e precisão, usando câmeras acopladas a carros reais e uma montagem frenética que emula a tensão das pistas. O problema é que, com o tempo, essas sequências tornam-se repetitivas, com pouca variação dramática. A emoção se mantém em marcha constante, sem crescer como se esperaria.


Um grande destaque do longa também está nas locações reais, que incluem circuitos icônicos e bastidores legítimos do campeonato mundial, algo possível graças ao envolvimento direto da Fórmula 1 e à presença de Lewis Hamilton como produtor do filme. Sete vezes campeão mundial, Hamilton foi peça-chave para que a produção tivesse acesso exclusivo aos paddocks, boxes e momentos íntimos de grandes prêmios, garantindo autenticidade rara em uma obra de ficção sobre o esporte. Esse cuidado com os detalhes transforma o filme em uma vitrine luxuosa da F1, com cenas gravadas em meio a corridas reais e ambientes que só os profissionais do meio têm acesso.


Elenco afiado


O que impede o filme de ser apenas um desfile visual é o carisma do elenco, liderado por Brad Pitt. O astro encarna o papel de Sonny Hayes com naturalidade e presença cênica, confirmando por que é um daqueles raros nomes — como Tom Cruise — que atraem a atenção do público apenas por constarem nos créditos. Desde que despontou na década de 1990, Pitt mantém uma carreira sólida e admirada, conquistando plateias de diferentes gerações ao longo de mais de três décadas. A fase de galã já passou, e hoje, aos 61 anos, ele é um veterano que continua surfando na crista da onda de Hollywood, enquanto muitos de seus contemporâneos já foram levados pela maré. Seu envolvimento com F1 – O Filme vai além das câmeras: a produção também leva a assinatura da Plan B Entertainment, empresa fundada pelo próprio ator, que vem se consolidando como um nome forte nos bastidores da indústria. A julgar pela quantidade e variedade de projetos em que tem se envolvido — seja como intérprete ou como produtor — Brad Pitt não dá sinais de que pretende tirar o pé do acelerador tão cedo.

Brad Pitt e Damson Idris caracterizados como pilotos da equipe fictícia APXGP no grid de largada, em cena do filme F1 (2025), com trajes completos e atmosfera cinematográfica dramática.
Brad Pitt (Sonny Hayes) e Damson Idris (Joshua Pearce) momentos antes de uma corrida

Ao lado de Pitt, Damson Idris entrega uma performance sólida e cativante, equilibrando a impulsividade do novato com a necessidade de provar seu valor em um ambiente altamente competitivo. Seu personagem, Joshua Pearce, serve como espelho para a jornada de amadurecimento que a trama propõe, mesmo que de forma sutil. Idris traz carisma e vulnerabilidade ao papel, fazendo jus ao protagonismo ao lado de um astro consagrado. Já nos bastidores da fictícia equipe ApexGP, o elenco de apoio não fica devendo em nada: Javier Bardem interpreta o chefe de equipe com intensidade e um toque cômico inesperado, Tobias Menzies dá vida a um dirigente frio e calculista, enquanto Kerry Condon representa a inteligência e competência feminina em um universo majoritariamente masculino, com uma atuação segura e firme. Juntos, esses nomes elevam o filme além da ação das pistas, adicionando camadas às tramas paralelas.


Brad Pitt como o piloto Sonny Hayes e Javier Bardem como Ruben Cervantes em uma cena do filme F1 (2025), interagindo no grid de largada com o circuito lotado ao fundo. Bardem gesticula energicamente enquanto Pitt observa em traje de corrida da equipe APXGP.
A química entre Brad Pitt e Javier Bardem é um dos destaques do longa




Aquém do arrasa-quarteirão Top Gun: Maverick


Ainda assim, Kosinski não atinge a ousadia de Top Gun: Maverick. Lá, ele renovou uma franquia icônica com energia e emoção. Aqui, apesar da estética impecável, falta profundidade. O roteiro é funcional, mas previsível. E quando arrisca discutir temas como legado e redenção, não passa da superfície. É verdade que, desde o início, não se esperava que F1 superasse o fenômeno de um título já consolidado como Top Gun — um clássico da cultura pop com décadas de nostalgia acumulada. Ainda assim, esperava-se um pouco mais de densidade de um diretor que já provou ser capaz de conciliar espetáculo e substância.


A presença de Jerry Bruckheimer na produção reforça a impressão de que F1 – O Filme tenta reviver a fórmula de sucessos como Dias de Trovão (1990). Com Kosinski no comando, o estilo é mais polido e moderno, mas a essência é a mesma: velocidade, testosterona e uma trilha sonora vibrante. No fim, o filme soa como uma atualização visual de Dias de Trovão, trocando NASCAR por Fórmula 1 e acrescentando uma camada de sofisticação.


F1 – O Filme é um blockbuster competente, com apelo para o grande público e fãs de automobilismo. Tem estilo, tem ritmo, tem elenco. Só não tem aquele algo a mais — a faísca que separa os bons filmes dos inesquecíveis.





Nota do Soucine – 7/10


Título original: F1

Ano: 2025

Direção: Joseph Kosinski

Roteiro: Ehren Kruger

Elenco: Brad Pitt, Damson Idris, Javier Bardem, Kerry Condon, Tobias Menzies

Duração: 135 minutos

Gênero: Ação, drama, esporte

País de origem: Estados Unidos

Data de estreia: 25 de junho de 2025 (Brasil)


Para acompanhar as melhores críticas sobre os grandes lançamentos, fique ligado no SouCine — o seu portal definitivo para tudo que acontece no universo do cinema. 🎬🌟🍿📰




Comentários

Avaliado com 0 de 5 estrelas.
Ainda sem avaliações

Adicione uma avaliação
bottom of page