Crítica | "F1 – O Filme" entrega emoção nas pistas, mas falta potência dramática
- Douglas Faccenda
- 2 de jul.
- 2 min de leitura
Atualizado: 3 de jul.

Com visual deslumbrante e cenas de corrida imersivas, F1 – O Filme cumpre bem sua proposta de entretenimento, ainda que sem reinventar o gênero. Dirigido por Joseph Kosinski, o mesmo de Top Gun: Maverick, o longa aposta alto na adrenalina das pistas e no brilho de seu elenco, mas tropeça em um roteiro previsível e uma narrativa que perde fôlego ao longo do trajeto.
A história acompanha Sonny Hayes (Brad Pitt), um ex-piloto que retorna à Fórmula 1 como mentor de Joshua Pearce (Damson Idris), jovem talento da fictícia equipe ApexGP. A dinâmica entre veterano e novato é o fio condutor da trama, que se apoia mais no espetáculo visual e na ambientação técnica da F1 do que em conflitos profundos. Não é um drama existencial, e nem pretende ser — seu foco está na velocidade, no glamour e no som ensurdecedor dos motores.
Nesse quesito, Kosinski entrega. As corridas são filmadas com energia e precisão, usando câmeras acopladas a carros reais e uma montagem frenética que emula a tensão das pistas. O problema é que, com o tempo, essas sequências tornam-se repetitivas, com pouca variação dramática. A emoção se mantém em marcha constante, sem crescer como se esperaria.
O que impede o filme de ser apenas um desfile visual é o carisma do elenco. Brad Pitt encarna o papel com naturalidade, enquanto Damson Idris traz uma performance sólida e cativante. Nomes como Javier Bardem, Tobias Menzies e Kerry Condon enriquecem os bastidores, dando peso às interações fora das pistas.
Ainda assim, Kosinski não atinge a ousadia de Top Gun: Maverick. Lá, ele renovou uma franquia icônica com energia e emoção. Aqui, apesar da estética impecável, falta profundidade. O roteiro é funcional, mas previsível. E quando arrisca discutir temas como legado e redenção, não passa da superfície.
A presença de Jerry Bruckheimer na produção reforça a impressão de que F1 – O Filme tenta reviver a fórmula de sucessos como Dias de Trovão (1990). Com Kosinski no comando, o estilo é mais polido e moderno, mas a essência é a mesma: velocidade, testosterona e uma trilha sonora vibrante. No fim, o filme soa como uma atualização visual de Dias de Trovão, trocando NASCAR por Fórmula 1 e acrescentando uma camada de sofisticação.
F1 – O Filme é um blockbuster competente, com apelo para o grande público e fãs de automobilismo. Tem estilo, tem ritmo, tem elenco. Só não tem aquele algo a mais — a faísca que separa os bons filmes dos inesquecíveis.
Nota do SOUCINE – 7
Título original: F1
Ano: 2025
Direção: Joseph Kosinski
Roteiro: Ehren Kruger
Elenco: Brad Pitt, Damson Idris, Javier Bardem, Kerry Condon, Tobias Menzies
Duração: 135 minutos
Gênero: Ação, drama, esporte
País de origem: Estados Unidos
Data de estreia: 25 de junho de 2025 (Brasil)
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